O Flamengo em que acreditamos
(Versão atualizada em 17/03/2021)
O Flamengo da Gente é um movimento de torcedores, sócios-torcedores, sócios e conselheiros do Clube de Regatas do Flamengo. Defendemos a visão de um Flamengo vencedor, justo, democrático e popular que se orgulhe de sua gente e a faça sentir-se orgulhosa.
Existimos para:
- Lutar pela preservação e pela expansão da matriz popular do clube
Acreditamos que o Flamengo do futuro precisará renovar no dia a dia a aposta que o tornou um clube imenso, a mesma aposta do estadista José Bastos Padilha: a de andar com todo e qualquer segmento da nação brasileira — sem distinção de cor, credo, gênero, orientação sexual, origem, deficiência ou condição social. O Flamengo que sempre se deixar amar à vontade, não impondo restrições a quem o ama, o Flamengo dos meninos e das meninas da Praia do Russel, o Flamengo pioneiro em fazer das vitórias carnaval, o Flamengo da Praia do Pinto e da Cruzada, de Adílio e de Júlio César, o Flamengo de Jorge Ben Jor, o Flamengo mulambo, que é nome de pano de escravizado, o Flamengo que não mora no Rio de Janeiro e nem no Brasil, o Flamengo que desce do trem, o Flamengo com orgulho de ser favela também — desse Flamengo o Flamengo dependerá sempre: na arquibancada, na instituição, na vida.
- Democratizar e abrir o clube
Defendemos a abertura política do Flamengo aos interessados em participar da definição dos rumos do maior clube do Brasil. Hoje, como no passado, a vida política do Flamengo está longe de representar a massa de apaixonados pelo clube. Devemos atualizar a promessa contida em uma máxima de campanha da Frente Ampla pelo Flamengo, lançada em plena Ditadura: “A democracia começa pelo Flamengo” — para nós, do Flamengo da Gente, “A democracia começa pelas mulambas e pelos mulambos”.
Queremos o Flamengo com o maior colégio eleitoral entre todos os clubes brasileiros, o Flamengo com mecanismos que incentivem a participação política a distância nos processos eleitorais e nas deliberações dos Conselhos (exceto em questões sigilosas), o Flamengo transparente, sem controle de narrativa por meio de porta-vozes semioficiais.
Quando o Flamengo fala, o Flamengo fala: isso deve ficar claro de uma vez por todas. Chega de gabinetes. Chega de recados. Chega de meias-verdades.
O Flamengo precisa acolher todas as formas de pensamento e ter respeito por elas. O Clube não pode estar a serviço de um projeto político externo e não pode pautar suas escolhas pelas preferências pessoais de seus dirigentes. No entanto, o repúdio ao arbítrio deve constituir missão, honrando a memória de quem lutou contra a ele ao longo da história do próprio Clube. No ambiente interno, quem foi punido por expressar opiniões deve ser anistiado.
- Fazer do Flamengo uma força em prol da mudança do futebol no país e no continente
O Flamengo deve liderar o futebol brasileiro e sul-americano, tanto o masculino quanto o feminino, rumo a um novo patamar de governança e relevância. Mesmo estando na periferia do futebol global, sob assalto de ligas e clubes de alcance transnacional, devemos tornar nosso produto mais atrativo ao mundo, para além de mero fornecimento de pés de obra. Grande demais para fronteiras, o Flamengo está mais equipado do que qualquer outro para responder a essas perguntas. Mudar confederações e federações, levar clubes à mesma mesa para defender interesses comuns, reformar o calendário: o Flamengo precisa estar na liderança e na vanguarda.
- Reafirmar o compromisso do clube com o profissionalismo de ponta e o equilíbrio econômico-financeiro, tanto no futebol quanto nos esportes olímpicos, assegurando que esse seja um meio, e não um fim
Queremos um Flamengo que se sustente, mas, também, um Flamengo que potencialize, e não atrofie, sua identidade popular e sua vocação vencedora, tanto no futebol quanto nos esportes olímpicos. O futebol feminino, inclusive, precisa ser nosso, sem mandos e desmandos de parceiros. Um Flamengo sustentável precisa ser transparente em suas práticas, responsável em sua governança e audacioso em seus objetivos, jamais se permitindo retroceder ao improviso que por muito tempo nos limitou.
- Defender a autodeterminação nos mandos do futebol
Precisamos ser donos de nossos mandos nas partidas do futebol profissional, tanto masculino quanto feminino, escapando das mercês de consórcios, federações ou adversários. O Flamengo da Gente luta para que o Flamengo seja anfitrião de uma casa que seja popular assim como sua torcida. Tornar as partidas de futebol acessíveis ao seu povo deve ser prioridade do Flamengo.
- Alinhar o clube à defesa dos direitos humanos, à promoção da diversidade e da inclusão e à responsabilidade social
Desejamos ver o Flamengo como referência em questões de responsabilidade social, inclusão e respeito aos direitos humanos e à diversidade em todos os seus âmbitos (gênero, orientação sexual, racial, religioso, étnico, geracional e de pessoas com deficiência).O Flamengo tem papel a cumprir para além do campo, sobretudo nas lutas por memória, verdade e justiça. Somos o clube de atletas como Stuart Angel Jones, um abrigo para os perseguidos, e também dos Garotos do Ninho, uma lembrança a honrar. Somos o clube de torcedoras como Marielle Franco. Somos o clube da Fla-Diretas, o clube da Fla-Anistia e também o clube da Fla-Gay. Somos o clube que, nos anos 1950, desafiou o mundo para receber o Honved, de jogadores intimidados pela FIFA e pelo regime comunista húngaro.
Devemos investir em nossa imagem, por meio do exemplo. O Flamengo não pode — e, no que depender de nós, não irá — se furtar ao bom combate.