No esporte, façanhas individuais “driblam” descaso

Flamengo da Gente
2 min readMar 8, 2020

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Por falta de incentivo e por puro preconceito, as conquistas femininas nos esportes tardaram a vir. Em 1932, Maria Lenk foi a única mulher a integrar a delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Na sequência, se tornou a primeira nadadora a estabelecer um recorde mundial. Bateu inúmeras marcas e deu diversos títulos ao Flamengo.

Lenk era favorita a ganhar a então inédita medalha de ouro olímpica de mulheres brasileiras em esportes individuais. Entretanto, seus planos foram interrompidos com a Guerra Mundial de 1940, que cancelou o torneio. Tal feito foi realizado somente após 68 anos, em Pequim, pela saltadora Maurren Maggi.

Façanhas particulares, como também foram as da dupla Sandra Pires e Jacqueline Silva, ouro no vôlei de praia em 1996, de Sarah Menezes, campeã no judô em Londres-2012, e da “rainha” Marta, eleita em 2018 pela sexta vez a melhor jogadora de futebol do mundo, para citar apenas alguns exemplos, escondem uma realidade de privações – e superações.

No período da Ditadura Militar, mulheres brasileiras eram impedidas de praticar “desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. Os homens que comandavam a política nacional colocaram nessa lista as lutas em geral, o futebol, o polo-aquático, o rugby, o halterofilismo e o beisebol.

No caso do futebol, mesmo com o fim da proibição, a regulamentação só foi realizada em 1983. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) montou um time feminino em 1988, mais de 70 anos depois da primeira seleção masculina. Craques como Sissi, Pretinha e “Michael Jackson” jogaram a Copa de 1991 com uniformes improvisados, emprestados dos jogadores.

Segundo o relatório “Movimento é Vida”, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), de 2017, a prática de exercícios físicos por mulheres no Brasil ainda é 40% inferior à dos homens. Reportagem veiculada pelo programa “Esporte Espetacular”, da Rede Globo, em março de 2019, mostrou um cenário esportivo de muita desigualdade de gênero.

Mesmo com o crescente interesse por parte do público, jornadas duplas – ou triplas -, diferenças salariais, insegurança, descaso, falta de estrutura adequada para treinar e jogar e o machismo nosso de cada dia, que reverbera dentro e fora das arenas esportivas, seguem como os principais entraves para o desenvolvimento da modalidade.

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