Marielle não esquecia
Em foto famosa na web, a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada na noite de quarta-feira (14/03), marcha desfilando o Manto Sagrado e uma faixa da Comuna Rubro-Negra, grupo que luta pelos mais pobres da arquibancada, dentro e fora dos jogos do Flamengo. Na foto, congelada no tempo, ela não olha para frente — olha para o lado, por quem está e por quem não está na marcha, por quem o Estado insiste em negar e pisar nos direitos.
Nos tempos de sombra e medo em que o Brasil vive, acostumamo-nos a enxergar o Rio como uma cidade partida, como se isso fosse normal. Como se houvesse um gradil para barrar a entrada no estádio da cidadania, onde, sabemos, joga-se um jogo em que todos perdemos. Marielle também perdia conosco, mas, no mais das vezes, saía e enfim saiu campeã, por insistir em nome dos que são ainda mais derrotados todos os dias.
O Flamengo da Gente lamenta a morte uma lutadora que juntava a cidade. Marielle não esquecia, Marielle enxergava e Marielle segue presente. Que, daqui pra frente, sejamos todos mais Marielle e olhemos mais para aqueles ao nosso lado. Talvez, assim, reparando mais, possamos gritar e passar a acreditar que o Rio de Janeiro um dia será nosso.