Crítica não é traição
O grupo que comanda o Flamengo desde 2013 resgatou o clube do ocaso institucional e do colapso financeiro — negar esse fato, já escrito na história do rubro-negro, equivale a negar o óbvio. Se o Flamengo de hoje consegue pensar o Flamengo de amanhã, muito se deve ao trabalho de saneamento financeiro do clube promovido pela gestão do presidente Eduardo Bandeira de Mello. E ficamos aí.
Nada do que foi feito, equilibrado ou consertado isenta a gestão de crítica. O êxito com cifrões não isenta erros em outras áreas, principalmente na mola-mestra do clube: o futebol. A torcida já demonstrou a paciência no pior momento. É justo que use as vaias, recurso legítimo de qualquer arquibaldo, para expor seu descontentamento. Cabe ao Flamengo, representado na figura de seu presidente, aceitar com humildade.
Reconhecer um 2017, até aqui, tão frustrante também cairia bem. Ao invés disso, o que vemos é o presidente vociferar contra a mesma torcida que já o exaltou em outros estádios. Críticas não são traições. Pelo contrário, a crítica ajuda na reconstrução de rumos, na correção de equívocos e muito mais.
Bandeira de Mello frequentemente age como se vaias, críticas ou perguntas incômodas fizessem parte de uma grande conspiração contra o Flamengo. Esse personalismo é perigoso. Ninguém é menos Flamengo por estar infeliz com os resultados após quatro anos de trabalho duro em diversas áreas, mas com poucas conquistas no campo.
Nesse mesmo universo assistimos a funcionários e dirigentes do clube povoarem as redes sociais com gracinhas e hashtags antes de jogos ou após vitórias. Os mesmos somem após derrotas. O Flamengo não existe para “lacrar” ninguém no twitter. Está aí para conquistar seus títulos. Quando se vence, a reação mais Flamengo possível é a humildade até que se chegue ao título. Quando se perde, a altivez pede que se dê a cara a tapa com firmeza, mas respeitando a tristeza do maior patrimônio do Mais Querido: seus torcedores.
O Flamengo da Gente vê derrotas e vitórias como algo inerente a qualquer esporte. Mas há derrotas em que se perde muito mais do que três pontos. O dano ao patrimônio da instituição quando dirigentes se insurgem contra a magnética Nação Rubro-Negra é incalculável.