Balanço marca evolução do Flamengo fora de campo — mas é o suficiente?

Flamengo da Gente
6 min readMay 3, 2018

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- As DFs de 2017 deixam bem clara a trajetória de evolução financeira do Flamengo, destacando-se aumento da Receita Total, Redução de Endividamento, Superávit recorde e aumento da capacidade de investimento. Ao longo dos próximos tópicos, vamos destacando os pontos positivos e os pontos que merecem destaque.

- Pela primeira vez em muitos anos o Flamengo encerra uma Demonstração Financeira Anual com Patrimônio Líquido (PL) positivo. O PL ao final de 2017 foi de R$ 63,942 Milhões. Pra se ter uma ideia, em Dez/2012 este número era de 423,888 milhões negativos.

- Entre os ativos do clube, a variação mais significativa foi na linha de Conta a Receber por Transferência de Jogadores, influenciada diretamente pelo valor ainda devido pelo Real Madrid pela transferência de Vinicius Junior.

- No Passivo o destaque vai para a linha Empréstimos e Financiamentos, tanto no curto quanto no longo prazo. O Flamengo liquidou sua dívida de longo prazo e priorizou o pagamento das dividas com juros mais altos. Ou seja, além de reduzir seu endividamento, melhorou o perfil da dívida em termos de custo.

- Na Demonstração de resultados, o Faturamento recorde no futebol das Américas foi não só influenciado pela já comentada venda do Vinicius Jr, como também pela ampliação da receita de bilheteria, sócio-torcedor e patrocínio. Com mais faturamento, houve também ampliação das despesas, tanto em salários quanto em amortizações e baixas dos direitos dos jogadores, além do significativo aumento dos custos com jogos e competições.

-Na linha de Contas a receber, destaque Bônus de Cessão de Direitos de Transmissão, na verdade atualização do valor presente do valor residual de R$ 50 milhões a ser recebido em 2 parcelas em 2019 e 2021 e para a Renda de Jogos no valor de R$ 6,156 milhões, que o balanço não deixa claro ao que se refere. A título de comparação essa linha no ano anterior era de 94 mil.

- Na linha de Contas a Receber na Transferências de Jogadores, além do conhecido Saldo do Vinicius Jr de R$ 53,788 milhões, consta também R$ 17,962 milhões referente à venda de Hernane ao Nassr Saudi Club. Esse valor basicamente foi atualizado pela cotação do Euro de um ano para o outro. Aí está um ponto de atenção nas DFs. Apesar da causa ganha na FIFA, diante da inadimplência de anos apresentada pelo devedor, seria prudente instituir uma provisão de devedores duvidosos para este ativo.

- Uma linha que também se destaca no Ativo é a de Intangível, influenciada pela aquisição de jogadores. Ao longo de 2017 foram registrados investimento da ordem de 64,774 milhões na aquisição de jogadores e mais 16,32 milhões formação de atletas (Esse é mais um ponto positivo do Balanço. Até este ano, não havia esse nível de detalhamento).

- No Imobilizado, os investimentos no Ninho do Urubu (Benfeitorias e Máquinas e Equipamentos) são os reesposáveis pela evolução de R$ 158,753 milhões em 2016 para R$ 174,608 milhões em 2017.

- O Investimento em atletas não tem sido todo feito “no débito” como alguns chegaram a alardear. A linha de contas a pagar na Transferência de Jogadores cresceu quase 80% de 22,490 milhões para 40,114 milhões. E mais uma vez as DFs dão mais transparência, abrindo os valores devidos. Destaque para 7,172 milhões contra Traffic Talentos Marketing e 4,536 milhões contra Talents Sports Ltda. Há ainda 6,886 milhões contra outros e conta já conhecidas contra Atlético Nacional e Independiente. Um saldo que causou confusão, mas que já estava contabilizado em 2016 é de R$ 1,044 milhão contra Diego Ribas.

- Como falamos logo no primeiro tópico, o Flamengo reduziu seu endividamento bancário em quase 60% de R$ 111,581 milhões para R$ 44,917 milhões em 2017. Liquidou a dívida mais cara junto ao Banco Brasil Plural (Instituição da qual o VP de Finanças é um dos sócios) com juros de 23% a.a. além de reduzir seu endividamento contra todos os demais credores.

- Em Impostos e Contribuições a Recolher, houve um acréscimo no saldo referente ao total coberto pela Lei 13.155 (PROFUT) de R$ 265,647 milhões para R$ 282,973 milhões basicamente por conta de atualização de valores.

- Na linha de Provisões para contingências e Depósito Judiciais, o Flamengo zerou o valor referente ao Ato Trabalhista. Houve ainda pequeno acréscimo nas linhas de provisões para ações Trabalhistas, Cíveis e Tributárias. Mas não há detalhamento nem da composição desse saldo. Único detalhamento é de uma ação tributária do Banco Central, mas que não está provisionada e, por isso, não compõe o saldo.

- Há ainda no Passivo do clube o valor de R$ 11,742 milhões referentes à perda apurada no contrato de opção firmado com o Atlético Paranaense e a Doyen Sports para a compra dos Direitos Econômicos de Marcelo Cirino.

- As receitas totais do Flamengo apresentaram crescimento de 29% em 2017 chegando a R$ 623,681 milhões. Destes, R$ 599,764 milhões foram provenientes do Futebol. No detalhamento das receitas, podemos observar: aumento de 62% na receita de Sócio Torcedor, aumento de 58% na receita e Bilheteria, aumento de 36% na receita de patrocínios e redução de 33% na receita de Transmissão de TV (Em função do novo contrato de TV assinado em 2016 que teve luvas reconhecidas integralmente no exercício social da assinatura e recebimento do contrato). Além dessas 4 linhas de receitas principais, destaca-se também aumento na receita de Vendas de Direitos de Atletas de R$ 11,995 milhões para R$ 183,069 milhões (Basicamente Jorge e Vinicius Jr.) e de Premiações de 63% chegando a R$ 12,379 milhões (Em função das campanhas nos torneios disputados).

- Mas nem tudo são flores no orçamento do futebol. O resultado líquido de bilheteria dos jogos do Flamengo caiu de 44% em 2016 para 28% em 2017. Isso se explica porque as despesas diretas dos jogos cresceram mais do que a renda bruta dos jogos. Em 2016 o Flamengo arrecadou R$ 39,337 milhões de renda bruta e teve despesas diretas dos jogos de R$ 22,162 milhões. Em 2017 esses números foram de R$ 62,276 milhões de Renda Bruta e R$ 45,043 milhões de despesas diretas dos jogos. Este é mais um ponto do Balanço que merece atenção.

- No clube social, apesar da queda total de receita, os números apresentam evolução. Basicamente a queda de receita se deveu a reconhecimento em 2016 de uma receita extraordinária referente a não devolução do Adiantamento recebido pela Cessão do Edifício Hilton Santos e reconhecido como receita no valor de R$ 11,345 milhões em 2016. O Flamengo apresentou crescimento das receitas em Incentivos Fiscais (o mais significativo), Escolinhas Esportivas e Quadro Social (crescimento marginal).

- Um dos pontos polêmicos, as despesas de Salários Encargos e benefícios apresentou aumento de 42%. Fruto dos reforços para a tentativa de qualificação do elenco e renovação de atletas promissores da base. Uma linha que apresentou crescimento acima da média foi a polêmica linha de Prêmios e Gratificações que mais do que duplicou em relação a 2016 de R$ 5,878 milhões para R$ 11,964 milhões em 2017. Esse crescimento também foi desproporcional em relação às receitas do clube de Premiação, cujo crescimento foi de 62%.

- As despesas relacionadas a Serviços de Terceiros também apresentaram uma evolução e foram de R$ 42,733 milhões para R$ 73,393 milhões influenciadas fortemente pelas comissões sobre intermediação de Atletas de R$ 36,474 milhões e de Administração do Sócio-Torcedor que cresceram na mesma proporção das receitas do programa. Há ainda Outros Serviços Profissionais, cuja despesa permaneceu no mesmo patamar do ano de 2016 e cerca de R$ 20 milhões, mas que pelo volume merece maior detalhamento nas Demonstrações Financeiras.

- Outro ponto que merece atenção e que já foi comentado anteriormente são as despesas referentes a jogos e competições, que praticamente duplicaram. Saíram de R$ 29,697 milhões em 2016 para RR 59,880 milhões em 2017

- Custos e despesas gerais do clube tiveram um impacto positivo no resultado, com a redução mais do que pela metade.

- Por ser um clube ainda devedor, é natural que o Flamengo apresente resultado financeiro negativo. Mas o mais importante é que, com a liquidação das dívidas, esse resultado negativo vem se tornando cada vez menor. Com a redução do endividamento em 2017 e melhora do perfil de dívida, com dívidas mais baratas, além da queda do CDI, em 2018 esse resultado deve ser novamente menor.

- Por fim, vale a pena destacar a área de Esportes Olímpicos do Flamengo. Apesar de ainda não ser autossuficiente, o déficit caiu de R$ 5,872 milhões para R$ 3,614 milhões. Tal performance deveu-se principalmente à ampliação das receitas de R$ 20,528 milhões para 22,367 milhões.

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