A LIBERDADE É RUBRO-NEGRA!
Sobre o processo disciplinar movido contra o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello, o FLAMENGO DA GENTE repudia a flagrante inversão de prioridades em curso no Clube de Regatas do Flamengo no trato da maior tragédia de seus 125 anos de história — o incêndio que vitimou dez meninos no Ninho do Urubu, no dia 8 de fevereiro de 2019.
No lugar de investigar o caso dentro do escopo possível, que é o administrativo e no âmbito do Conselho Deliberativo, o Clube se encontra prestes a punir um ex-presidente pelo que falou sobre a tragédia e não por sua eventual contribuição a ela. A carroça está à frente dos bois e os carreiros estão todos de olhos vendados?
Aproxima-se o segundo aniversário da tragédia. Desde março de 2019, dois pedidos de inquérito aguardam andamento e instauração no Conselho Deliberativo. Em paralelo, o Conselho Diretor ignora há cinco meses proposta subscrita por mais de 60 conselheiros e conselheiras e remetida pelo presidente do Conselho Deliberativo para transformar a data de 8 de fevereiro em um Dia da Memória Rubro-Negra, para honrar anualmente as vítimas.
Em contraste a essa inação, o Conselho de Administração decidiu colocar em pauta uma sanção a Bandeira, que afirmou à imprensa que a tragédia não teria acontecido se ainda fosse presidente do clube. Tal fala deveria ter motivado a abertura, ainda que tardia, de inquérito sobre atos administrativos que facilitaram o caminho rumo à Tragédia do Ninho. Ali estava um alerta da necessidade de agir: investigando — não tolhendo.
Assim como outros dirigentes, o ex-presidente deve responder pelo que fez, ou deixou de fazer, e não pelo que falou. Qual é a prioridade do CRF? Assegurar o silêncio entre os pares ou fazer jus à grandeza da instituição? Os que julgam ser a primeira tarefa farão, ao fim do dia, que sejamos todos e todas, sócios e sócias, julgados.
A Tragédia do Ninho não é “página a ser virada”. É parte da nossa história: para que nos enxerguemos, para que melhoremos, para que corrijamos os malfeitos. É preciso investigar e responsabilizar TODOS os culpados. Como ex-presidente, Bandeira merece ser avaliado pelos seus feitos e equívocos em seus dois mandatos, não pelo que pensa e diz.
É revelador que a tentativa de punir Bandeira seja um ato simultâneo à concessão da mais alta honraria para associados do Flamengo a outro ex-presidente, Kleber Leite, que há dois anos foi afastado do quadro social por decisão do Conselho Deliberativo por conta de uma dívida de R$ 61 milhões originária de um controverso acordo celebrado em sua gestão. Esse disparate mostra à Nação Rubro-Negra que aos atuais dirigentes o único incômodo é pensar diferente deles.
Assim como nosso membro Rodrigo Rötzsch é alvo de perseguição por ter meramente expressado sua opinião (num ataque velado ao FLAMENGO DA GENTE e sua postura de oposição), consideramos que Bandeira é vítima do mesmo ímpeto de cassação do contraditório.
Lembrem-se, integrantes do Conselho de Administração, que a liberdade é rubro-negra. E que a escalada autoritária que uns poucos pretendem impor ao Clube precisa ser contida pela força da Democracia.