8 de Março, dia de luta e resistência
O mundo celebra neste domingo (8) mais um Dia Internacional das Mulheres. Embora muitos patrões, empresas — e homens também — insistam em nos presentear com flores, bombons, maquiagens e descontos em salões de beleza, o 8 de março é, sobretudo, uma data de conscientização e de mobilização, que simboliza a luta das mulheres a favor da igualdade de direitos e de oportunidades. Somos protagonistas, e não espectadoras, da história.
A origem do #8M é controversa. A versão mais difundida é a do incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, em Nova Iorque, que vitimou mais de 125 pessoas, a maioria operárias, em 1911. Um ano antes, porém, durante a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, realizada em Copenhague, na Dinamarca, a militante e intelectual alemã Clara Zetkin já tinha apresentado a proposta de se criar uma “jornada anual”, ainda sem data definida, para abordar tanto a questão das condições de trabalho como a defesa do sufrágio, que é o direito ao voto feminino.
Em entrevista à revista AzMina em 2017, a socióloga e pesquisadora de gênero Flávia Rios explica que o incêndio faz parte da história de luta das mulheres, mas como contexto, e não como fator único de criação do 8 de março.
Link para a matéria: https://azmina.com.br/reportagens/esqueca-o-incendio-na-fabrica-esta-e-a-verdadeira-historia-do-8-de-marco/.
Diversas manifestações eclodiram desde a proposta de Zetkin. As mais famosas delas aconteceram em 1917, quando trabalhadoras russas do setor de tecelagem entraram em greve, e em 1918, com a aprovação da lei que garantiu o voto feminino no Reino Unido, dando força para sufragistas de outros países buscarem seus direitos. No Brasil, as mulheres só foram às urnas em 1932.
O Dia Internacional das Mulheres foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, por meio de um decreto. A partir daí, temas como igualdade entre os gêneros, sexualidade e saúde reprodutiva passaram a ser discutidos com mais frequência pelos movimentos feministas, em diferentes espaços.
No Brasil, os primeiros estados a criar conselhos estaduais da condição feminina, para debater políticas públicas, foram Minas Gerais e São Paulo, em 1983. No mesmo ano, o Ministério da Saúde instituiu o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Já em 1985 surgiu a primeira Delegacia Especializada da Mulher. A Lei Maria da Penha, de combate à violência familiar e doméstica, foi sancionada em 2006, enquanto a lei do feminicídio, que incluiu o assassinato de mulheres na lista de crimes hediondos, entrou em vigor em 2015.